Preciso dizer que assisti mais filmes?
Comecei minha sessão reclusão com Persepolis.
O áudio em francês chega a ser inebriante.
Êta idioma... Não entendo nada ainda de francês.
Como pode?
Amei o filme.
Depois veio A Era do Gelo 1 e 2.
Acho que vou ver o terceiro em 3D.
É bonitinho.
Continuei com Os Incríveis.
Que não achei tão incrível assim...
Me segurei pra não parar Mamma Mia! antes de chegar ao fim.
É péssimo. Ok... Péssimo elevado à décima quinta potência...
E definitivamente Pierce Brosnan não sabe cantar Abba.
E finalizei com Alfie.
Como é que Jude Law consegue ser tão... perfeito?
O que me encantou não foi o modo que ele seduzia. Foi o modo que ele se questionava.
Porque no fim, nem eu sei o que realmente importa.
Quem sabe?
Me irritei a noite toda com minha janela balançando com o vento.
Muito frio. Muito vento. Muito barulho.
E neste momento, enquanto minhas cortinas balançam levemente com o vento que passa, fico feliz que elas sejam grossas o suficiente para a luz do sol que está lá fora não entrar tão intensamente como está brilhando.
Está um dia lindo lá fora.
Mais um dia lindo que não viverei.
Me sinto péssima.
Mais um dia que estou aqui, sem saber porque vivo. Sem saber o que fazer da vida.
É... estou sem rumo.
Me sinto um barco sem vela e sem motor.
Nas horas de tormenta, sou jogada pra tudo quanto é lado.
Nas horas de calmaria, pareço ser esquecida. Não tenho aonde ir.
Sinto uma angústia sem fim.
Queria saber o que fazer neste momento.
Queria saber que rumo tomar.
Que direção seguir.
Mas não sei. E isso causa um vazio imenso dentro de mim.
É engraçado quando temos apenas duas opções a escolher.
Sempre julgamos ter milhares de escolhas a fazer. E as escolhas que fazemos determinam quem nós somos, do que gostamos, do que queremos para nós.
Minhas duas escolhas eram viver ou morrer.
O problema de se ter apenas duas escolhas é que, quando se deixa de escolher uma, obrigatoriamente tem de aceitar a outra.
Eu não escolhi morrer. Por um lado, isso pode ser bom.
Mortos não digitam em teclados e publicam blogs há tanto tempo assim...
Mas por outro lado... também não escolhi viver.
E agora não sei o que faço com essa vida.
Tenho uma vida toda, de hoje até o dia de minha morte, para fazer o que quiser.
O que eu quero?
Quem eu quero ser?
Como desejo "gastar" cada segundo que me resta desta vida?
É essa a questão que me intriga.
Porque eu não sei o que quero fazer.
Nem hoje, nem amanhã.
Não sei o que quero da vida.
Não sei nem se quero viver. Mas o universo conspira para que eu viva.
Sempre esperamos que sejamos únicos.
Que nossa existência realmente interfira todo ecossistema.
Que exista um mundo à nossa volta.
Que alguém dependa de você.
Que você possa depender de alguém.
Não necessariamente a mesma pessoa que dependa de você...
Sempre esperamos que alguém sinta a sua falta quando partir.
Alguém que sinta saudades quando você não aparece.
Já magoei tantas pessoas e tantas pessoas me magoaram.
Agora só quero ficar sozinha.
Mas como é viver só?
Nem o mais nobre dos heremitas saberia me dizer.
Afinal, eles se isolam porque procuram isso.
É uma opção deles.
Eu não estou aqui por opção.
Isso é tudo o que me restou.
Quem somos nós senão nossas escolhas?
Quem podemos ser quando não temos mais esperanças?
Vou fugir de meus questionamentos mais uma vez.
Vou tentar dormir, já que passei a noite toda acordada vendo filmes.
Vou dormir, porque dormindo não sinto dor.
Não aquelas dores de cabeça que insistem em me atormentar.
Dessa vez, a dor é outra.
É aquela que nos faz chorar sem querer.
Aquela que vem do nada.
Daquele espaço vazio entre o estômago e a garganta, subindo e sufocando.
Aquela que nos tira a voz e pede para nos calarmos.
Vou dormir porque dormindo eu esqueço.
Porque dormindo eu posso continuar vivendo sem viver.
Dormindo não preciso escolher... o que vou fazer.
Apenas vou descansar um pouco.
Pra depois acordar e retornar à minha clausura.
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